A era da inovação no mercado de saúde
Vivemos em uma época em que a inovação se tornou um tema central em todas as áreas de negócio, e o mercado de saúde não é exceção. Basta explorar portais de notícias especializados, como Medicina S/A e Saúde Business, para perceber que mais de 70% de seus artigos e matérias abordam novos tópicos e introduzem termos anteriormente desconhecidos, como IoT (Internet das Coisas), Inteligência Artificial, Machine Learning, Deep Learning, Chatbot, Big Data, Business Intelligence, Healthtechs, Design Thinking, entre outros.
Gerenciando a inovação com equilíbrio
Diante dessa avalanche de informações, é compreensível que as organizações se preocupem em não ficar para trás, temendo tornarem-se a próxima vítima da disrupção, assim como aconteceu com as empresas de táxi diante do surgimento do Uber.
Essa preocupação é válida e justificada, e acompanhar as tendências do mercado é essencial para se manter relevante. No entanto, é crucial evitar a implementação indiscriminada de novas tecnologias sem critérios, estratégia e alinhamento com a missão, visão e valores da organização. Além disso, é importante lembrar que o setor da saúde é culturalmente conservador, regulado e burocrático, o que é compreensível, já que estamos lidando com a saúde e vidas humanas. Mudar uma cultura dessa natureza não acontece da noite para o dia, e empresas genuinamente inovadoras têm a inovação enraizada em seu DNA e cultura.
No entanto, as culturas corporativas podem se modernizar e a inovação pode se tornar um aspecto cultural em todas as empresas. Para isso, é necessário dar o primeiro passo.
A inovação deve trabalhar a favor da estratégia e é preciso ter estratégia para inovar
O primeiro ponto que precisa ser entendido é que a inovação precisa trabalhar a favor da estratégia empresarial e, acima de tudo, estar atrelada à sua missão, visão, valores e a seu propósito de existir.
As organizações devem se perguntar o que querem ao inovar:
- Melhorar o atendimento aos pacientes?
- Oferecer mais segurança?
- Melhorar a jornada do paciente?
- Trazer mais praticidade aos pacientes e corpo clínico?
- Ganhar vantagem competitiva?
- Aumentar lucro, gerar mais receita?
- Ampliar mercado?
- Atrair e reter talentos?
- Entregar valor percebido aos clientes?
- Traduzir esse valor em resultados para a instituição?
Importante: nem sempre será possível criar inovações disruptivas. Na verdade, a grande maioria das vezes as inovações serão incrementais, ou seja, melhorias em processos já existentes, uma nova forma de fazer o que já existe.
Identificando os problemas para impulsionar a inovação
Antes de considerarmos qualquer solução, é essencial entendermos claramente quais são os problemas que precisamos resolver. Compreendendo que as inovações devem estar alinhadas aos propósitos e estratégias da instituição, é hora de olharmos internamente e identificarmos as reais dificuldades e dores que precisam ser tratadas. Essas questões podem envolver colaboradores, pacientes, médicos, familiares, bem como aspectos estruturais, financeiros, comunicacionais, entre outros.
Recomenda-se que esse exercício seja realizado por um grupo multidisciplinar, reunindo diferentes perspectivas. É importante que esse grupo atue de forma horizontal, permitindo a livre expressão de opiniões de maneira igualitária. Esse processo, conhecido como co-criação, é um terreno fértil para o surgimento de inovações. Ao adotar essa abordagem, a empresa dá um passo importante para construir uma cultura de inovação.
Dica: Um excelente framework para ser utilizado nesse momento é a metodologia do Design Thinking.
O que precisa ficar claro nessa etapa é que, antes de buscar novas tecnologias (existem centenas no mercado) ou soluções, é preciso verificar quais os reais problemas que precisam ser solucionados, para então, ir ao mercado para buscar a melhor solução.
Leia também: Como o Marketing 5.0 e o Mercado de Saúde estão convergindo na era das inovações técnológicas
Definindo prioridades estratégicas
É comum sentir ansiedade nesse processo, mas é essencial lembrar da estratégia, dos problemas reais a serem resolvidos e dos objetivos que desejamos alcançar. É fundamental ter clareza, estabelecer prioridades e direcionar esforços para fazer as escolhas certas, uma vez que os recursos financeiros, pessoais e de tempo geralmente são limitados.
Caso surjam dificuldades para decidir por onde começar, podemos aplicar o método I.C.E., amplamente utilizado por profissionais de Growth Hacking:
- I – Impact: qual será o impacto da inovação em nossa instituição?
- C – Confidence: qual a probabilidade de obter sucesso?
- E – Ease: qual a complexidade para implementar?
Mais uma vez, é recomendável realizar esse exercício com um grupo multidisciplinar, pois diferentes perspectivas e uma diversidade de opiniões trarão benefícios significativos.
Lembre-se sempre de que inovação não se limita apenas à tecnologia. É possível inovar em modelos de negócios, novos produtos, processos e muito mais. A tecnologia deve ser vista como um meio para alcançar os objetivos, e não como um fim em si mesma.
Medindo e melhorando os resultados da inovação
É crucial reconhecer que a inovação demanda esforços e investimentos significativos em termos de tempo e dinheiro, portanto, é fundamental que esses esforços se traduzam em resultados tangíveis. Na fase inicial de cada processo de inovação, é importante estabelecer indicadores-chave de desempenho (KPIs) que possam ser posteriormente analisados.
Apesar de todo o estudo e planejamento realizado, é possível que as inovações não alcancem os resultados esperados, não sejam compreendidas pelos clientes ou exijam mais esforço do que inicialmente imaginado. Imprevistos podem ocorrer.
É importante compreender que falhas podem acontecer, mas é essencial que essas falhas sejam encaradas como oportunidades de aprendizado e melhoria contínua. O lema ‘fail fast, learn fast, scale fast’ se torna relevante nesse contexto.
Nesse sentido, uma recomendação é realizar projetos pilotos, que permitem testes com investimentos menores, ajustes rápidos, protótipos, testes A/B, MVP (Produto Mínimo Viável) e outros métodos de validação. Após as devidas correções, se necessário, chegará o momento de implementar a inovação de forma integral.
Dica valiosa: explore o benchmarking além do seu próprio setor. Ao analisar empresas de diferentes segmentos, você pode descobrir soluções inovadoras que podem ser adaptadas ao mercado de saúde. No entanto, é importante lembrar que não existem receitas prontas para o sucesso. Cada instituição é única, com suas próprias necessidades e desafios. Portanto, é fundamental construir o próprio caminho, combinando insights externos com uma abordagem personalizada que se alinhe aos objetivos e valores da sua organização. Afinal, a inovação genuína vem da capacidade de adaptar e criar soluções únicas para os desafios específicos do seu negócio.
Algumas considerações importantes a serem lembradas no processo de inovação:
- O engajamento das lideranças é fundamental para impulsionar a inovação em toda a organização.
- Forme equipes com experiências e conhecimentos diversos, promovendo a colaboração e a troca de ideias.
- Busque exemplos inspiradores em outros mercados, mas lembre-se de adaptar as soluções para construir seu próprio caminho.
- Cultive uma cultura de inovação, entendendo que isso é um processo contínuo e não acontece da noite para o dia.
- Celebre as falhas como oportunidades de aprendizado e recompense os resultados alcançados.
- Reconheça e incentive os intraempreendedores, valorizando a criatividade e o espírito inovador dentro da equipe.
- Crie um ambiente estimulante para a geração de ideias, encorajando a experimentação e o pensamento criativo.
- Desenvolva uma estrutura organizacional mais horizontal e ágil, que favoreça a colaboração e a tomada de decisões.
- Esteja atento aos problemas dos clientes, dando importância às ideias internas e observando as tendências do mercado.
- Prototipe, teste e faça projetos-piloto para validar as soluções antes de implementá-las em larga escala.
- Elabore uma estratégia clara e bem definida para impulsionar a inovação na organização, alinhada com os objetivos e valores da empresa.
O futuro chegou
Estamos diante de um futuro empolgante no mercado de saúde, impulsionado pelas inovações tecnológicas e pela mudança de mentalidade. Embora haja desafios a serem superados, a adoção de uma abordagem estratégica, planejamento cuidadoso e uma transformação de mindset adequada tornam possível alcançar o sucesso nessa jornada.
À medida que avançamos, é essencial lembrar que o objetivo final de todas essas inovações é beneficiar os pacientes. Com a implementação de soluções inovadoras, podemos proporcionar maior qualidade, segurança, praticidade e agilidade nos cuidados de saúde, atendendo às necessidades e expectativas daqueles que são o foco central de todas as empresas do setor.
Portanto, é fundamental que as instituições de saúde abracem a cultura da inovação, envolvendo líderes, equipes multidisciplinares e colaboradores em busca de novas ideias e soluções. Ao construir um ambiente propício à inovação, fomentar a criatividade, investir em capacitação e desenvolver uma estratégia clara, as organizações estarão preparadas para enfrentar os desafios do mercado atual e se destacar em um cenário cada vez mais competitivo.
O futuro já está aqui, e é nosso dever abraçar as oportunidades oferecidas pelas inovações tecnológicas e culturais no mercado de saúde. Ao fazer isso, contribuiremos para uma assistência médica melhor e mais eficiente, cumprindo a missão de cuidar das vidas daqueles que confiam em nossos serviços.
Nossa equipe na Salus Health Marketing possui ampla experiência e conhecimento no ecossistema de saúde.